CICLOTURISMO: ESTRADA REAL / CAMINHO DOS DIAMANTES

CICLOTURISMO NA ESTRADA REAL – CAMINHO DOS DIAMANTES De Diamantina até o Caraça 350 km Por: André Alécio Mais um janeiro chegou, e a vontade de por a bike na estrada era grande. Combinei com o amigo cicloturista Roberto Mafra uma cicloviagem pelo Caminho dos Diamantes na Estrada Real. Este caminho, eu já havia feito a 7 anos trás, mas na época passei rápido pela região, desta vez a ideia era aproveitar mais algum pontos deste belo roteiro. Nos encontramos em Belo Horizonte dia 5/02/2011 e fomos para a cidade histórica de Diamantina. Em Diamantina desembarcamos do ônibus com nossas bikes depois de incríveis 5 horas de viagem em uma distancia de 300 km e aproveitamos para conhecer a cidade. Caminhamos pelas ruas ingrimes da cidade com seu calçamento com pedras pé de moleque, horríveis para pedalar, e difícil de caminhar, tomamos umas cervejas no centro histórico e depois de alguns goles, tomamos cuidado para não “trupicar” no calçamento tortuoso das ruas. Conhecemos o passadiço da casa do gloria um dos principais pontos turísticos do centro histórico e algumas igrejas. O tempo era instável e nós na ansiedade de iniciar mais uma cicloviagem. estrada-real.JPG ** Dia 6 Diamantina até Milho Verde - 42km** Saímos com chuva logo no inicio, coisa que desanima, mas quando paramos no primeiro mercado que vimos para comprar água a garoa parou e não voltou mais até o final do nosso dia. Pedalamos pelo calçamento de pedras e logo estávamos na estrada de terra, a placa avisava que Milho Verde estava a 42 kms nós fomos encarando as subidas com tranquilidade, nós dois não estávamos na nossa melhor forma, fazia tempo que não pedalávamos e as festas de final de ano, regadas a bebidas ainda pesavam no estomago. De inicio na estrada se encontra uma longa e ingrime descida até um rio, depois é claro aparece a subida, reparamos isso praticamente em todo o trecho da estrada real, sempre que descíamos muito encontrávamos uma ponte, atravessávamos o rio e depois encarávamos uma subida ingrime. No primeiro dia de pedal, na minha opinião é onde se guarda as grandes paisagens da viagem, uma vegetação rasteira em meio a montanhas de pedras, rios e uma bela cachoeira contemplam o inicio da viagem pela estrada real, depois se encontra o primeiro vilarejo do caminho o Vilarejo do Val, ali recarregamos a energia com doces e o guaraná mais gelado de toda a viagem, (deixamos a cerveja para a chegada em Milho Verde). estrada-real-1.JPG Na primeira grande subida da viagem Saindo do Val, atravessamos uma bela ponte e depois encaramos subidas fortes até chegarmos no belo distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, um lugar com casinhas bonitas em cima do morro, saímos de uma altitude de 850 metros do Val e chegamos até próximos dos 1100 metros em São Gonçalo. sao-goncalo-do-rio-das-pedras.JPG Paramos em um barzinho e batemos um papo com dois camaradas do Motocross que avisaram que seguir os marcos da estrada real o tempo todo é muito mais puxado. Nossa ideia era fazer um caminho independente dos marcos da Estrada Real, sabíamos que perderíamos alguns pontos interessantes, mas por outro lado iriamos para outros locais que os marcos não são encontrados que é o caso do vilarejo do Tabuleiro, e também não iriamos nos cansar nas fortes montanhas das estradas por onde seguem-se os marcos da estrada. mafra-na-ponte.JPG Depois de São Gonçalo, pedalamos mais 6 kms até chegarmos em Milho Verde, vilarejo em cima da montanha rodeado de cachoeiras, com vários turistas, e uma certa infraestrutura, encontramos um restaurante para almoçar e o Mafra foi confundido com o parteiro da cidade de Serro, tomamos umas cervejas e depois de arrumarmos uma pousada fomos a cachoeira do lageado, na volta, assistimos a Folia de Reis, varias pessoas cantando e tocando instrumentos musicais, entravam em algumas casas e a eles era oferecida bebidas e comidas (pelo menos foi isso que aconteceu na pousada em que estávamos, onde a “folia”passou), depois partiam para outra casa, e assim a folia de reis seguiu até mais de meia noite, nós aproveitamos o céu claro e vimos as estrelas, lembro poucas vezes de ter visto um céu tão estrelado como o de Milho Verde. folia-de-reis-milho-verde.JPG Folia de Reis em Milho Verde **Dia 7 Milho Verde até Serro - 30 km** A primeira coisa que queríamos fazer neste dia era conhecer as cachoeiras de Milho Verde, então descemos 3 km de bike para a cachoeira do Piolho, depois na saída da cidade aproveitamos ainda para conhecer a cachoeira do Moinho e mais uma outra onde nadamos e tomamos um lanche antes de partir para a cidade de Serro. cachoeira-em-milho-verde.JPG cachoeira em Milho Verde A estrada é de terra mas esta sendo preparada para o asfalto, não tivemos muitas dificuldades de percorrer este trecho, apesar de um certo movimento de veículos devido a festa que iria ocorrer em São Gonçalo. Muitas subidas e descidas, até a cidade de Serro, passamos antes pelo distrito de Três Barras, onde pegamos água na casa de um morador, e fotografamos a bela igrejinha do lugarejo. igreja-tres-barras.JPG Chegamos em Serro conhecemos o centro histórico que se mostrou muito bonito. De noite curtimos musica ao vivo em um barzinho e aproveitamos para comer uma pizza. igreja-de-serro.JPG igreja em Serro **Dia 8 Serro até Tabuleiro - 80 km** Saimos de Serro, e nesse trecho não iriamos seguir os marcos da Estrada Real, pegamos a estrada mais utilizada pelos carros que vai direto para Conceição do mato dentro, uma estrada relativamente mais plana do que seria seguindo os marcos da estrada real. Pedalamos desde cedo e por volta das 10 da manhã, o sol começou a castigar bastante, aproveitamos para dar uma parada em um barzinho na beira da estrada, que estava fechado mas o dono, logo abriu para nos atender, ai mais gente chegou no bar, trocamos uma idéia com o pessoal, esticamos as pernas e seguimos estrada a fora com um solarão na cuca… 226.JPG A 15 kms antes de Conceição do Mato Dentro encontra-se um distrito, onde ficamos em um restaurante descansando, comendo e bebendo. Em seguida saimos e depois de uma forte subida descemos bastante até chegar em Conceição. Logo na entrada da cidade pegamos a estrada que vai para o vilarejo do Tabuleiro, onde se encontra a cachoeira de mesmo nome, a terceira maior queda d`agua do Brasil com 273 metros de altura.   estrada-real-2.JPG Eu já havia estado no vilarejo a 10 anos atrás, não me lembrava do trajeto, mas sabia que ficava a 19 km de Conceição. A estrada de terra estreita, era cheia de subidas, tivemos que encarar fortes inclinações de até 3 km já havíamos pedalado 60 km até Conceição, tivemos que ter paciência para chegar no Tabuleiro, (as vezes em uma viagem de bicicleta a pressa de chegar acaba comprometendo a viagem, ainda mais se você não esta no auge da sua forma física e resistência). sitio-arqueologico.JPG   Entramos ainda em um riacho para nos refrescar e tomamos um lanche antes de chegar no inicio da descida que chega a vila. Iniciamos a descida e o pneu da bike do Mafra explodiu. Teve um rasgo na parte lateral, a camera saiu pra fora e com a pressão estourou. Por sorte já estavamos próximo a vila. Na pousada não havia mais lugar e acabamos arrumando um quarto na casa do Fabricio que é guia e trabalhava na pousada. Foi legal ter ficado na casa que era antiga feita de adobe, era bem próxima da pousada e nós depois do banho, fomos comer um lanche na pousada, e descemos para o centrinho da vila para beber umas cervejas. caminho-do-tabuleiro.JPG No caminho do Tabuleiro **Dias 9 e 10 Tabuleiro** O sol brilhou em Tabuleiro, e depois de 6 dias de muita chuva, o pessoal do Parque onde fica a cachoeira, liberou a entrada para os visitantes, (devido ao grande volume de agua, a trilha estava perigosa nos dias anteriores e estava proibido fazer a trilha que chega aos pés da cachoeira do Tabuleiro. Nós com o Fabricio e mais alguns turistas fomos até a cachoeira, eu com o Mafra pegamos carona até a estrada do parque com um casal bem gente boa, que era o Daniel e a Elisa. No Parque fizemos a trilha até o pé da cachoeira, uma trilha bem técnica e com muitos poços para nadar, ficamos quase a tarde toda caminhando e curtindo a cachoeira, o detalhe que toda esta caminhada pelas trilhas, nos cansou mais que os três dias anteriores pedalados. Aproveitamos este dia para comunicar a todos da vila que estávamos com um pneu rasgado e que precisávamos de uma carona para chegar em Conceição do Mato Dentro. No dia seguinte pegamos outra trilha, desta vez com o Half que é um outro guia do Tabuleiro, desta vez conhecemos a bela cachoeira de Congonhas, uma queda de aproximadamente 90 metros com um ótimo poço para nadar, na volta atravessamos uma pequena caverna e quando chegamos na vila, conversamos com o seu Antonio, proprietario do mercadinho que ficou de nos levar de caminhão no dia seguinte para Conceição do Mato Dentro. Depois de almoçar ainda curtimos o poço da ponte, bem próximo ao centro da vila e na volta para o “nosso lar” fomos a mais uma venda onde compramos um” tijolo” de rapadura e um ótimo queijo. Nestes dias no Tabuleiro descobri algo que talvez mude minha vida para sempre GALINHA COME ISOPOR… Acreditem, estava levando alguns pedaços de isopor da casa do Fabricio para a lixeira, quando uma senhora disse: - Ei garoto poderia me dar este isopor? A galinha gosta de comer… - Hem? A galinha faz o que? Perguntei. - É a galinha come isopor, você poderia deixar aqui pra eu dar pra galinha comer? - Mas a senhora tem certeza que a galinha come isopor? - Tenho sim olha lá. E a senhora apontou pra galinha já ciscando um pedaço de isopor que estava ali no chão. Sem ter o que mais argumentar deixei ali o isopor pras galinhas comerem. E depois de dois dias de curtição no Tabuleiro,com caminhadas e ótimos banhos de cachoeira e esta descoberta incrível sobre o habito alimentar das galinhas da região, estávamos prontos para continuar a viagem…   cachueira-do-tabuleiro.JPG Cachoeira do Tabuleiro casa-do-fabricio.JPG Casa do Fabricio **dia 11 Tabuleiro até Morro do Pilar 30 km de pedal** Estavamos mais cansados do que nunca neste dia, as caminhadas pelas trilhas no Tabuleiro nos cansou muito, as 8 horas da manhã já estavamos na estrada esperando o seu Antonio passar com o caminhão, mas antes assistimos uma cena bizarra mais uma vez a protagonista foi uma galinha. Estavamos esperando o caminhão quando vimos um cachorro fazendo suas necessidades ali na rua mesmo, sim sua necessidade de numero 2 (leia-se fazendo coco) e de repente uma galinha veio ciscando o coco do cachorro… Depois dessa acho que não como mais ovo, foi a cena mais nojenta da viagem… mas vamos prosseguir… Colocamos as bikes no caminhão e subimos na caçamba, sacolejamos 20 km até chegarmos na cidade, encontramos uma bicicletaria, compramos um pneu, tomamos café da manhã em uma padaria e seguimos viagem para a cidade de Morro do Pilar. A estrada que leva Para Morro do Pilar é de terra, com muitas subidas e descidas, atravessamos uns dois rios e pedalamos bastante por uma estradinha que praticamente não tem muito o que ver. Lembrei-me da outra viagem que fiz ali a 7 anos atrás, a estrada logico esta a mesma coisa, mas hoje em dia tem muitas plantaçoes de eucaliptos na região coisa que antigamente não se via, outros que descobriram a estrada Real foram as mineradoras, próximo a Conceição, vindos de Serro vimos uma grande obra de uma mineiradora, e ali na estrada de Morro do Pilar e mais pra frente próximos a Itambé do Mato Dentro também vimos a ação das mineradoras trazendo o “progresso”para as cidades da região, juntamente com as mineradoras, algo que esta avançando e muito nesta região da estrada real é o asfalto, são muitos os pontos que estão preparando para o asfalto, na região de Milho Verde, Morro do Pilar, Ipoema entre outras, que já estão com estagio de asfaltamento bastante adiantados, bom para os moradores da região, mas para quem quer curtir Montain bike bastante decepcionante. estrada-real-3.JPG Faltavam uns 6 kms para chegarmos a Morro do Pilar e pegamos carona em uma caminhonete para chegar a cidade, estávamos bastante cansados, e o visual da estrada não agradava muito, a caminhonete era de uma mineradora e nela três camaradas gente boa, que nos levaram até a pousada do Tião, local que eu já havia ficado na minha primeira empreitada na Estrada Real. A cidade de Morro do pilar é daquelas que você pensa, como é que este lugar surgiu, praticamente no meio do nada, menor que um bairro de uma cidade mediana, as estradas que chegam a cidade são de terra, a cidade não tem muito o que fazer, segundo o Tião, tem muitas cachoeiras escondidas na região, mas são pouco divulgadas. A cidade não tem nada pra fazer, até a cerveja no bar estava quente, e soubemos que devido aos atoleiros, os caminhões de bebida não chegaram no ano novo e o povo da cidade passou sem cerveja. Encontramos na pousada mais dois rapazes que estavam vindo de BH e indo pra Diamantina de bike, recebemos e demos informações sobre as estradas. pousada-do-tiao.JPG Com os amigos cicloturistas e o Tião bike-estrada-real.JPG **Dia 12 Morro do Pilar até Ipoema 72 km** Sabiamos que até a cidade de Itambé do Mato Dentro o trecho iria ser bem puxado, cerca de 35 km de subidas pesadas. Saimos cedo debaixo de um céu cinza, os primeiros 10 km a estrada acompanha um rio, e tem poucas subidas, mas depois a estrada fica com muitas subidas, alguns caminhões que levavam terra de um terreno perto da estrada passavam, fazendo a poeira subir, muitas subidas fortes, e um visual incrivel quando chegavamos no topo. ponte.JPG ponte na saida de Morro do Pilar Descidas forte que era preciso cautela para não se esborrachar no chão, levamos umas 4 horas para chegar em Itambé do Mato Dentro, local que eu havia passado o ano novo em 2004 quando fiz a Estrada Real até Paraty. Em Itambé tem muitas cachoeiras é um local que vale a pena ficar para conhecer um pouco da região, mas nosso objetivo este dia era a cidade de Ipoema, uns 30 km adiante. Antes de chagarmos em Itambé, uma chuva de verão nos pegou fazendo com que a estrada ficasse mais dificil, por sorte era só descida até chegar na cidade, onde fizemos um lanche e prosseguimos. A cidade fica em um vale e para sair tivemos que encarar uma forte subida, pedalamos por entre muitas montanhas em uma estrada de terra de pouco movimento até chegarmos em Senhora do Carmo, uma cidade pequena, comemos algo no barzinho e seguimos para Ipoema, a estrada era bem mais plana do que no trecho entre Morro do Pilar e Itambé, mesmo assim tivemos que suar bastante para encarar algumas subidas, a estrada continuava a ser de terra, e descobrimos neste dia que os marcos da Estrada Real, mostra quantos kms faltam para a próxima cidade. Chegamos em Ipoema que é um distrito da cidade de Itabira umas 7 horas da noite e ficamos na pousada Quadrado bem no centro de Ipoema, uma pousada muito boa, uma das melhores que ficamos na viagem, seu proprietario o Reinaldo se mostrou um cara muito gente fina e muito entusiasmado quando o assunto é a Estrada Real, na pousada tinha fotos de muitas cachoeiras da região, Ipoema é outra cidade que vale a pena ficar mais dias para conhecer as belezas da região. O Reinaldo nos deu a dica para jantarmos no restaurante da Tropa, bem na praça, fomos jantar uma pizza e tomamos algumas cervejas desta vez estavam bem geladas ao contrario de Morro do Pilar, aproveitamos e bebemos 5 garrafas nossa meta era 4 por dia, mas como não aviamos atingido a meta em Morro do Pilar, estavamos em debito e aqui aproveitamos para tomar uma a mais, o Reinaldo apareceu e nos fez companhia. estrada-real-4.JPG estrada-real-5.JPG ** Dia 13 Ipoema até Santuário do Caraça 80 km ** Demos um trato na bike este dia, estávamos sem pressa e como o dia amanheceu com chuvas, enrolamos bastante na pousada, a bike do Mafra tinha freio a disco e a dias estava fazendo barulho, tentamos arrumar, mas como freio a disco é mais complexo do que os demais, acamamos não conseguindo arrumá-lo, tivemos que tirar o freio e o Mafra ficou apenas com o freio dianteiro, como este trecho feriamos pelo asfalto, seria mais fácil encarar só com o freio da frente. arrumando-a-bike.JPG tentando arrumar a bike Saímos da pousada quase a 1 hora da tarde e pedalaríamos apenas os 3 primeiros kms na terra, mas devido as chuvas pedalamos por um atoleiro de uns 500 metros mas o suficiente para fazer com que as bikes ficassem travando o pneu e com a corrente todas cheias de lama, os três kms na terra foram muito ruins e perdemos muito tempo tentando limpar as rodas para fazer a bike rodar. Já no asfalto encontramos uma casa em construção pedimos a mangueira emprestada e limpamos as bicicletas. Perdemos muito tempo nos 12 km até chegarmos em Bom Jesus do Amparo, onde fizemos um lanche. Depois seguimos para a BR que vai de BH para Vitoria, estrada cheia de caminhões, ainda bem que tinha acostamento, pedalamos nela por uns 6 kms até entrarmos na estrada que vai para Ouro Preto, (é bom lembrar que neste trecho não seguimos os marcos da Estrada Real). estrada-real-6.JPG A caminho do Caraça A estrada que leva para Ouro Preto não tinha muito movimento, mas não tinha acostamento, pedalamos muito até chegarmos a uma pequena serra de uns 3 kms, nós já estavamos cansados e eu senti o baque neste trecho, fiquei bem para trás e o Mafra subiu firme e forte a montanha. A descida foi tão forte quanto a subida e logo chegamos a Barão de Cocais, comemos em uma lanchonete e seguimos para o parque do Caraça, já era quase de noite quando chegamos na portaria, e debaixo de chuva, tivemos que encarar 11 kms de subida até o Santuario. A estrada é toda de asfalto, e não passou nenhum carro nós bastante cansados ficamos logo ficamos no escuro e usamos a lanterna do Mafra para iluminar nosso caminho, Chegamos quase 10 horas da noite no Santuario cansados e todos sujos, fomos atendidos com um certo receio pelo funcionario, mesmo tendo feito reserva antecipada. No santuario, onde antigamente era um colegio, tem muitos quartos e hoje funciona como hotel, de noite os padres colocam comida na varanda onde um casal de lobos guará vem comer, quando chegamos os hospedes estavam a espera do lobo, nós tomamos um banho e fomos ver se o tal lobo ia aparecer. Neste dia ficamos sem janta, até pedimos por telefone se era possível guardarem algo para nós, mas não foi possível (fica aqui registrado) acho que não custaria nada fazerem este favor. Quando subimos para ver se o lobo iria aparecer encontramos um amigo do Mafra, o Cuqui que estava com a esposa e um casal de amigos, cara gente boa que pedalava com o Mafra nos primordios do Montain Bike. Nossa recompensa neste dia chegou, depois de ter pedalado a tarde inteira e inicio da noite, ter tomado chuva e subido 11 kms para chegar no Santuario tivemos a esperada visita do Lobo Guará. O bicho subiu as escadas da varanda e foi se alimentar. Ele que tinha passado rapido na noite anterior, e nem apareceu na outra noite, ficou mais de 30 minutos na varanda, comendo ossos de frango, nós e todo o resto do hotel, ficamos quietos observando o animal que comia tranquilamente, e nem se assustava com os flashs das cameras fotograficas. Todos em silencio absoluto e fazendo pouco movimento assistimos a visita do lobo. Na minha imaginação, sempre achava que o lobo fosse do tamanho de um cachorro, mas não, o lobo guará é bem maior que um pastor alemão, ele tem as pernas mais compridas e um andar diferente, (digamos que mais elegante) do que um cachorro. O bicho deu um show e todos que o esperavam, felizes por ter ficado ali vendo o lobo comer por quase meia hora. lobo-guara.JPG Lobo Guará Engraçado sempre depois de um dia difícil na cicloviagem temos recompensas, tivemos a agradável companhia do Tião e de dois outros cicloturistas em Morro do Pilar, em Ipoema depois de ter chegado muito cansados ficamos em uma ótima pousada e conhecemos o Reinaldo que era muito gente boa, e ainda fomos no restaurante comer uma boa pizza. E Agora ao chegarmos no Caraça tivemos a ”ilustre” visita do lobo guará. Terminamos o dia em ótimo clima apesar de termos pedalado muito e estarmos bastante cansados. **Dia 14 Santuario do Caraça** Acordar em um lugar como o Caraça não tem preço, tudo é tranquilidade, o santuario está em meio a montanhas que chegam até 2 mil metros de altitude, o silencio domina e a tranquilidade é demais. Logo cedo fomos tomar o café da manhã e compensamos a janta que não comemos na noite anterior, ficamos mais de uma hora nos servindo, no refeitório, tem um fogão a lenha onde é possível esquentar na chapa, pães, ovos e queijos fizemos lanche e comemos frutas, tomamos leite e sucos, na companhia do Cuqui, sua esposa e do casal de amigos dele que era o Edu e a sua esposa que era estrangeira. trilha.JPG na trilha com Cuqui, Edu e esposas Infelizmente o dia não estava dos melhores, com muita neblina e chuviscos, pela manhã conhecemos a bela igreja do Santuario e o museu com muitas peças antigas e exposição de fotos da fauna e flora da região. De tarde depois do almoço o tempo abriu e fomos a uma cachoeira e em um riacho para nadar. Na região do Caraça é possível fazer muitas trilhas e caminhadas, algumas bem próximas ao santuario, outras mais longas que sobem nas montanhas duram praticamente o dia todo e é necessario guia. Fizemos apenas passeios curtos que valeram a pena. De noite jogamos um jogo de cartas com o pessoal, antes de dormir e claro ver o Lobo que novamente foi se alimentar na varanda. Nesta noite o lobo apareceu mais de uma vez na varanda ficando um bom tempo lá. Na verdade pelo que pudemos notar eram dois lobos, mas sempre aparecia um e depois o outro. Mais fotos e encantamento com o bicho que mais uma vez nos contemplou com o “ar de sua graça”. cachoeira-no-caraca.JPG cachoeira no Caraça **Dia 15 Caraça até Santa Barbara 25 km ** neste dia já estavamos decididos a pegar o onibus de volta pra casa, a ideia inicial era ir até Ouro Preto, mas devido a dias de chuva, ao cansaço e por já conhecermos Ouro Preto resolvemos voltar pra casa. Outro fator que prevaleceu para esta decisão eram nossas roupas que não secavam tudo fedia a mofo. Depois do café da manhã descemos a serra cheguei a pegar 75 km/h na descida, o trecho que iria ser rapido acabou demorando mais devido a um furo de pneu na bike do Mafra, mas logo já estavamos na rodovia que nos levou a Santa Barbara. Nesta estrada pedalamos por uns 15 km até chegarmos debaixo de chuva na rodoviaria da cidade. Lá demos uma limpada nas bicicletas e nos trocamos para pegar o onibus para BH e em seguida peguei o onibus para São Paulo e o Mafra para o Rio de Janeiro. Colocamos as bikes no bagageiro montadas, sem maiores complicações. santuario do caraça Vista do Santuario do Caraça No total foram pouco mais de 350 kms pedalados por este trecho do caminho dos diamantes na estrada real, lugares incríveis rico em belezas naturais e historia, não entramos muito nas igrejas nas cidades por onde passamos, mas fica a dica para quem curte, tem muitas igrejas para conhecer no caminho, destaque ainda para a gentileza e simplicidade do povo local e a excelente culinária mineira, simples, mas de boa qualidade.