Mochilão Bolivia - Peru / La Paz - Sallar Uyuni - Copacabana

Mochilão - Bolivia - Peru La Paz - Sallar Uyuni - Copacabana Depois de vinte dias de curtições, passeios, novas amizades em La Paz, resolvemos fazer um passeio até o sul da Bolívia, fronteira com o Chile e Argentina, mais precisamente fazer uma passeio de três dias, saindo da pequena cidade de Uyuni com um grupo de seis pessoas e mais o motorista, em uma picape, para cruzar o maior deserto de sal do mundo – Sallar de Uyuni –, atravessar meia dúzia de lagoas no meio do deserto, chegar até a fronteira com o Chile, aos pés do Vulcão Licancabur e retornar à Uyuni. (Foto retirada da internet - http://www.flickr.com/photos/pedrosz/) Sem dúvida alguma, esse passeio foi um dos melhores que já fiz em toda minha vida. A paisagem é impressionante. Relevo plano com a presença de vários vulcões e lagoas. Cada uma de uma tonalidade de cor diferente. As tonalidades de cores e as formas de relevo deixam qualquer um desorientado por uns dias (estou no planeta Terra realmente?). Em La Paz conhecemos o Marco e o Antoine e fomos os quatro para Uyuni, num ônibus que saiu de La Paz meia noite. No caminho pelo altiplano, atravessamos a cidade de Oruro, que possui a maior festa popular boliviana, o Carnaval de Oruro. Como era véspera de Carnaval, centenas de ônibus chegavam a Oruro e no caminho havia postos da polícia e exército. Nosso ônibus foi parado, entrou um agente pedindo o documento dos estrangeiros. Quando se entra na Bolívia e Peru, a imigração emite um papel colorido (geralmente verde), que data a sua entrada e permissão de permanecer em território boliviano e peruano, que expira em 90 dias, no caso boliviano e para o Peru a nossa permissão era de apenas 30 dias. E você é obrigado a deixar esse papelzinho colorido na fronteira, quando deixar o país. Só que nosso amigo Marco (filósofo da Usp – rs!) quando chegou na Bolívia, pela mesma fronteira que nós (Corumbá – Puerto Quijaro), o posto de controle boliviano estava fechado e ele resolveu entrar na Bolívia sem pegar a autorização. Estava quase como um imigrante ilegal na Bolívia. É claro que a batata assou para ele. Foi chamado para conversar com as “otoridades” bolivianas fora do ônibus. Na Bolívia muitas e muitas vezes os policiais cobram “propina” para autorizar qualquer tipo de situação, contanto que “pingue” no bolso deles alguns dólares. Disseram assim para o Marco: Ou ele pagava R$ 100,00 e seguia viagem, ou do contrário iriam “confiscar” o RG brasileiro dele. O Marco já estava quebrado na altura do campeonato, devia ter uns R$ 400,00 para fazer o passeio pelo Sallar e voltar para o Brasil (certamente por carona). Então ficou sem o RG e depois de meia hora com ônibus parado na fiscalização, seguimos para Uyuni (dois brasileiros: Julio e eu; um francês: Antoine; e um que agora “se dizia” brasileiro: Marco, pois não tinha documentos oficiais para comprovar sua nacionalidade, rs!). Quando descemos em Uyuni às 8 da manhã, já havia mais de uma dezena de locais oferecendo tours pelo sallar e lagunas coloradas. Fechamos na cara e na coragem com um senhor, que não seria nosso motorista, pelo valor de U$ 100,00 por pessoa. Saímos às 10 da manhã, antes disso compramos 20 litros de água, pois o que o motorista levou poderia acabar. E água no deserto é ouro! Nesse primeiro dia cruzamos todo o deserto de sal com a picape, o grupo contava também com um casal de mineiros de BH. Paramos no centro do sallar, um parque de vegetação de cactos enormes pré-históricos, com uma formação rochosa de 20 metros de altura e do tamanho dum campo de futebol. Quem quiser subir na formação rochosa e tirar fotos da paisagem e observar os cactos de perto, paga uma taxa de R$ 5,00. (Últimos preparativos antes de atravessar o Sallar de Uyuni. Foto: Luis Natividade). (Antoine e Marco tomando um sol no Sallar de Uyuni. Foto: Luís Natividade). (Marco fritando no sol e ao fundo a formação rochosa no centro do Sallar. Foto: Antoine). Depois de cruzar todo o deserto de sal (cerca de 200 km de diâmetro), chegamos a nossa hospedagem da primeira noite. Um hotel nas margens do deserto, todo ele feito de sal: paredes, chão, cama, janelas, mesas e cadeiras. Impressionante! Lá nos foi servido um jantar (frango com batata frita, um clássico da culinária boliviana) e também a opção de comprar vinho meia boca. Na manhã seguinte iniciamos os caminhos deserto adentro, nos afastando do sallar, indo para o sul. Paramos algumas vezes, para observar as paisagens maravilhosas do deserto, as lagunas coloridas, os flamingos, as tonalidades de cores, os vulcões. Fizemos uma refeição em uma lagoa, que é preparada pelo motorista do grupo. Tudo estava pronto, certamente saímos de Uyuni com a alimentação pronta, dentro do carro. Nesse segundo dia de passeio passamos por umas quatro lagunas, uma mais linda que a outra. Andamos o dia todo dentro da picape e no fim do dia chegamos ao local de nossa hospedagem: uma pequena vila, com uma dezena de casas, no meio do deserto, fronteira com o Chile (extensão do deserto de Atacama – 30 km sul do local) e ao lado da laguna colorada, de tons avermelhados e uma paisagem ao redor impressionante! Durante a noite, resolvemos ficar fora do hostel para observar as estrelas. Infelizmente não tivemos muita sorte, muitas nuvens durante a noite. Mas em alguns momentos o céu ficou limpo e foi possível observar milhões de estrelas, umas na linha do horizonte, quase como que tocando as montanhas que nos cercavam. Assim fomos deitar tarde, umas três da manhã. Quando foi 4h30 levantamos para arrumar as coisas e continuar o passeio. (Paisagem desértica do segundo dia de passeio. Foto: Julio Natividade) (Antoine na beira de uma laguna. Deserto boliviano. Foto: Luis Natividade). (Uma das lagunas ao sul do sallar de Uyuni. Foto: Luis Natividade). (Foto: Antoine) A picape saiu e quando tudo estava escuro, alguns minutos depois descemos e observamos os gêiseres (fumarolas que saem do interior da terra). Voltamos ao carro, mais meia hora e o chegamos às águas termais, para tomar um banho de água quente, por volta das seis da manhã, quando o sol começava a sair. Um lugar fantástico, uma piscina super quente e um visual psicodélico do sol nascendo. Ao lado uma casa onde foi servido o café da manhã. Eu acordei nesse dia muito fraco, sem disposição alguma. Achava que após a entrada nas termais e de me alimentar no café, iria melhorar. Piorei. Passei todo esse terceiro e ultimo dia dentro da picape. Nem desci minutos depois para apreciar o vulcão Licancabur e a fenomenal laguna verde aos seus pés, fronteira chilena. (Nascer do sol dentro das águas termais. Foto: Antoine) (Vulcão Licancabur e Laguna Verde. Fronteira Bolívia/Chile. Foto: Julio Natividade). A volta até a cidade de Uyuni é feita por caminho diferente ao da ida, as paisagens são fantásticas também, mas infelizmente devo ter contraído uma diarréia (os efeitos colaterais, por sorte, só foram aparecer no dia seguinte). O Antoine também ficou mal e muito fraco. No final da tarde já estávamos em Uyuni, antes paramos do cemitério de trens para tirar algumas fotos desse lugar maluco. Julio e eu ficamos ainda mais um dia na pequena cidade, eu me alimentando e hidratando na espera de melhorar ou então conseguir suportar a volta até a cidade de La Paz. Chegando a La Paz fomos para o mesmo hostel El Carretero. Por sorte conseguimos um quarto com banheiro, pois na minha situação era quase que impossível caminhar mais que uma dezena de passos, a cada meia hora, para poder sentar no trono. Devo ter pegado uma diarréia muito forte que chegou a abalar o psicológico ao ponto de eu perder a vontade de seguir viagem e com muita vontade de desistir e voltar ao Brasil. O Julio me trazia alimentos (frutas), líquidos e comecei a tomar algumas pastilhas. Só com elas pude melhorar e começar a recarregar as energias. Depois de três dias em La Paz resolvemos seguir viagem até a cidade de Copacabana, nas margens do Lago Titicaca, 100 km noroeste de La Paz. Saímos pela manhã e chegamos a Copacabana por volta do meio dia. Conseguimos um barco somente para as 16 horas, que nos levou até a parte norte da ilha do sol (R$ 15,00 por pessoa). A ilha do sol fica no centro do lago Titicaca, apresenta duas vilas distintas. A parte sul é a que oferece melhor infra-estrutura aos turistas, com boas hospedagens e restaurantes. A maioria dos proprietários é européia. A parte norte é diferente. Os serviços são simples, as hospedagens e alimentação idem. Na parte norte todos os habitantes são bolivianos, locais, que se uniram para impedir o avanço de proprietários estrangeiros e consequentemente expulsão da população local. Ficamos três dias hospedados num hostel ecológico (rs) muito legal, no topo do morro da parte norte (menos de R$ 10,00 por pessoa). Lá conhecemos o Francois, um canadense que se mudou para a América do Sul e continua trabalhando para clientes canadenses, graças à internet. Fizemos um passeio imperdível pela ilha. Tomamos um barco até a parte sul onde iniciamos uma caminhada pelo topo da ilha até a parte norte novamente, cerca de 3 horas andando e apreciando a bela paisagem do lago. No extremo norte da ilha tem umas ruínas da mesma civilização que construiu Tihuanaco, formada por uma rede de casas, mesas cerimoniais e locais para culto. (Marco na Ilha do Sol, quase um boliviano – figuraça!) (Ilha do Sol – extremo norte e Lago Titicaca. Foto: Julio Natividade). O Francois resolveu seguir viagem junto comigo e com meu irmão. Voltamos para Copacabana para de lá pegar um ônibus até Cuzco. O ônibus sairia às 19 horas do centrinho de Copacabana. Ficamos sentados na beira do lago, viajando. E quando chegamos à praça o ônibus já havia partido, eram 19h15. A pessoa que nos vendeu a passagem disse que poderíamos pegar um taxi até a fronteira com o Peru, meia hora dalí. Chegamos na fronteira preocupados. Do lado boliviano tivemos que devolver a autorização (bilhete verde), carimbar o passaporte (para quem tem) ou carimbar um papel que também funciona como controle de entrada e saída. O Francois teve um pouco mais de trabalho, os policiais começaram a fazer varias perguntas para ele e pareciam saber que estávamos atrasados. Qualquer oportunidade é uma chance deles para arrecadar uma propina. Seguimos correndo por terra para o lado peruano. Por sorte nosso ônibus (R$ 25,00 de Copacabana até Cuzco) estava parado. Uma fila se formava na porta da imigração peruana. Era quase 20 horas, horário que ela fecha e todo mundo estava preocupado. Fomos os últimos a conseguir autorização. Nessa pressa e ansiedade me esqueci de pedir que minha permissão fosse emitida para um período maior que 30 dias. Custaram alguns pesos isso, quando saí do Peru, quinze dias após meu prazo haver expirado, na fronteira com o Brasil em Tabatinga, selva amazônica. Chegamos a Cuzco pela manhã, após haver trocado de ônibus em Puno pela madrugada. Na próxima parte do relato descreverei nossos 15 dias por Cuzco e Vale Sagrado, lugar indispensável para quem deseja conhecer um pouco da historia dos povos pré-colombianos dos Andes. Por se tratar dum relato, não informei diversos valores (alimentação, hospedagem e transportes) nem os horários disponíveis. Qualquer duvida e informação que necessite, por favor, comente no espaço abaixo que tão breve respondo. Grande abraço a todos e até breve! Se você ainda não leu a primeira parte da Viagem click aqui