CAMINHO DA FÉ DE BICICLETA - Dia 7

por André Alécio Paraisópolis até Campista 48 km de pedal Saímos por volta das 9 horas da manhã de Paraisópolis, a cidade acordava com uma neblina intensa e nós saímos ansiosos pois neste dia encararíamos a tão falada subida da serra depois de Luminosa, ( muitos relatos de cicloturistas que já haviam feito o Caminho da Fé, falam desta serra). A saída de Paraisopolis é pelo asfalto e depois de uns 2 quilômetros entra em uma estrada de terra muito bonita, a neblina era forte mas o sol aparentava sair, fomos pedalando e novamente encontramos o Warley, engraçado ele fazendo o caminho a pé e nós de bicicleta praticamente no mesmo ritmo, brincamos com a duvida, ou ele fazia o caminho rápido de mais, ou nós que éramos muito lentos. Na verdade é que nós saiamos das cidades bem mais tarde, e como ficamos sem pedalar um dia na cidade de Estiva acabávamos nos encontrando pelo caminho. Não muito depois de passar por Warley o pneu de quem, adivinhem? Furou novamente. Quando estávamos arrumando o pneu Warley nos ultrapassou, foi engraçado. Pneu arrumado voltamos a pedalar, ultrapassamos o Warley e seguimos para Luminosa, estrada tranqüila, nada de muitas subidas fortes, até o quilometro 13 onde uma subida um pouco mais forte surgiu. No meio da subida paramos em uma casa para pedir água. E novamente o convite para entrar e um cafezinho foi feito, esta parada seria normal com moradores da região a não ser pelo fato da mulher que nos atendeu com solidariedade ser paulistana, e estava ali em seu sitio, ao perguntarmos se ela abriria a porta de sua casa na cidade de SP para alguém sem ser conhecido entrar, é claro que a resposta dela foi negativa. Muito bacana estar em um lugar assim, onde todos parecem confiar na bondade das pessoas, isso nós chamou atenção não só neste momento, mas em muitos outros lugares por onde passamos ao longo do Caminho da Fé. Você com sua bicicleta carregada fazendo o caminho é considerado um peregrino (fazendo o caminho por fé ou aventura) e ganha o respeito e admiração das pessoas nas cidades e estradas por onde passa. Todos lhe tratam muito bem e no final da conversa ouvir um “vá com Deus” ou “que Nossa Senhora te acompanhe” é de praxe. André com Warley André com Warley A religiosidade em todo o caminho é sentida, nas cidades menores, parece ser mais forte ainda. Para terem uma idéia da força da igreja católica no interior, a festa que acontecia em Paraisopolis, por exemplo, foi interrompida as 7:30 da noite devido a missa que acontecia na igreja, e voltou depois que a missa acabou. Belas paisagem neste dia desde a saída de Paraisopolis Belas paisagem neste dia desde a saída de Paraisopolis Depois de uma boa conversa com a moça paulistana voltamos a estrada e passamos por uma vila, a paisagem muda, algumas araucárias aparecem em torno da estrada, ao passarmos por uma placa de divisa de estado entre SP e MG descemos para Luminosa, na descida paradas para fotos foram inevitáveis, o lugar é lindo com muitas montanhas e o Vilarejo em meio a um vale. È ai que vemos a imponente serra depois da cidade, onde teríamos que subir, já imaginamos que a dificuldade seria grande. Vista do distrito de Luminosa Vista do distrito de Luminosa Chegamos em Luminosa e depois de carimbar a credencial na pousada (queríamos ter o carimbo de todos os locais por que passávamos) e comermos um lanche em uma padaria da vila, saímos para o mais difícil trecho de toda a viagem, a “subida da Luminosa”, iniciamos a subida com tranqüilidade, um senhor a cavalo acompanhado de seu cachorro que corria atrás de tudo quanto é animal que encontrava no caminho, nós acompanhavam, “Tião solteiro” senhor morador do local desde criança contava historias da região e nos disse ter encontrado Marcelo e o Wagner no dia anterior. Subidas íngremes eram acompanhadas de algumas subidas mais sutis, mas sempre estávamos subindo, empurramos muito as bicicletas serra a cima. Na subida da Serra da Luminosa Na subida da Serra da Luminosa Depois de 4 quilômetros de Luminosa paramos na pousada da Dona Inês, pessoa muito simpática que dá auxilio aos peregrinos que passam por ali. Se você fizer o caminho e passar pela pousada e for mais de três horas da tarde minha dica é se hospedar lá, já que ainda falta muito para chegar a Campista, e a paisagem da pousada e a boa companhia de Dona Inês e seu marido valem a pena. Nos despedimos com uma certa vontade de ter ficado ali, mas continuamos nossa subida a paisagem compensou o esforço e além da vista incrível passamos por muitas plantações de bananeira. Depois da pousada pegamos o trecho mais íngreme de toda a subida, depois ela amenizou um pouco. Passamos por algumas casas e uma capela e a subida torna a ficar íngreme. Foi ai que o tempo começou a fechar com trovoadas, parecia verão, e para piorar mais uma subida pesada. Uma chuva forte nos pegou, tivemos que parar para colocar capa de chuva e eu aproveitei também para cobrir com uma lona meus alforjes. Bike na subida da Serra Bike na subida da Serra Empurramos as bikes montanha acima debaixo de chuva até encontramos mais um marco de divisa de estado MG – SP e ai a subida amenizou e uma descida apareceu, passamos pelo marco de 100 quilômetros que faltavam para Aparecida e novamente o pneu da bike do Mafra furou, arrumamos o pneu e já estava escurecendo nos obrigando a colocar a lanterna no guidão da bike. Já estávamos um pouco preocupados com as condições que ali estávamos, (molhados, cansados e em uma trilha interminável e sem nenhum tipo de auxilio, e ainda no escuro), quando finalmente encontramos uma estrada de asfalto. Já no escuro com as lanternas ligadas pegamos o asfalto que continuava a subir, e tivemos que ter muita atenção para não perder as setas amarelas. Não demorou muito e chegamos na pousada Barão Montês que tem o Marcio como proprietário, lugar bacana e muito bonito, a casa que hospeda os peregrinos é de madeira dando um charme especial a nossa estada por ali. Depois de um bom banho jantamos uma comida muito boa e fomos nos deitar, nesta noite sentimos o frio da região de Campos do Jordão, a pousada do Marcio fica a 1700 metros de altitude por isso o frio ao cair da noite foi inevitável, mas nada que não acabasse quando entramos no quarto que lembrava aquelas cabanas de desenhos e filmes americanos. Fomos dormir bem cansados neste dia por volta das 9:30 da noite… Foto depois de passar pelo trecho mais difícil de todo o Caminho da Fé Foto depois de passar pelo trecho mais difícil de todo o Caminho da Fé Assista ao vídeo do 7º Dia do Caminho da Fé de Bicicleta [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ng6hcPjTdJ4[/youtube]