Cicloviagem: Iguape, Ilha Comprida e Cananéia

Por: André Alécio Em meados de abril pensei em mais uma viagem de bicicleta. Pedalar pela região do litoral sul do estado de São Paulo e atravessar pelas ilhas até a cidade de Paranaguá no Paraná. Rota bem conhecida por cicloturistas brasileiros. Foi no feriado de Corpus Christi (11/06/09) que me lancei para a estrada novamente, desta vez, fui acompanhado pelo meu primo Leonardo, depois de quase um mês indo atrás de alguns equipamentos que ele precisava para a viagem, e a regulagem da sua bike, que há muito tempo estava esquecida no quintal. Eu preferi ir com minha bicicleta de número dois, uma Caloi Aspen de 18 machas, reformada há pouco tempo. Pensei em levar esta bike mais simples por dois motivos claros, o primeiro era que pedalaríamos sempre no plano e na areia da praia, o segundo, era evitar que a maresia estragasse a minha nova bike que tem peças caras e que eu uso com freqüência. Acredito que a decisão foi certa, pois não tive problemas com a minha “caloizinha velha de guerra”, mas mesmo assim, em apenas dois dias no litoral, ela apresentou marcas de ferrugem em algumas peças. De bike na Ilha Comprida De bike na Ilha Comprida Apesar das previsões do tempo não serem nada animadoras para o feriado, saímos as 5:30 da manhã da Rodoviária da Barra Funda em São Paulo, não antes de ter pedalado pela região da Praça da Republica as 4h40 da madrugada e pegar o metrô até a Barra Funda com as bikes. Quando o Leonardo foi comprar as passagens de ônibus, perguntou sobre levar as bikes no bagageiro, e avisaram que as bikes teriam que estar embaladas, mas nós chegamos com as bikes montadas, a minha com alforje e tudo, e não tivemos problemas para colocá-las montadas no bagageiro, que não estava muito cheio de malas. Dia 1 Iguape até Pedrinhas (Ilha Comprida) aproximadamente 40 km Depois de uma viagem de ônibus de aproximadamente 4 horas, chegamos enfim a Iguape e por incrível que pareça, apesar de termos pego chuva na estrada, o sol, aparecia com força na cidade. Foi uma alegria a mais para nós, que já imaginávamos ter que usar a capa de chuva logo ao descer do ônibus. A rodoviária fica um pouco afastada do centro de Iguape, mas com poucos minutos de pedalada, já encontramos o centro histórico com suas igrejas, que estavam sendo preparadas para festa do feriado santo, com desenhos feitos com serragem que enfeitavam as ruas próximas à Igreja Matriz. Ruas sendo enfeitadas com serragem na festa de Corpus Christi Fizemos um passeio rápido pelas ruas de Iguape e já nos dirigimos em direção à ponte para Ilha Comprida, que passa por cima de um rio, que separa as duas cidades. Leonardo se ajustava com sua bike, pois a muito não pedalava, mas tinha vontade de viajar de bicicleta e se esforçava para me acompanhar por aqueles dias. Leonardo nas ruas de Iguape Leonardo nas ruas de Iguape [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=sWLuKSJRR7Q[/youtube] Logo que atravessamos a ponte pegamos uma ciclo faixa que nos levou até o centro de Ilha Comprida. Infelizmente aquele sol que brilhava em Iguape já havia sumido e um vento contra começou a me preocupar. Paramos em um mercadinho para comprar garrafas de água e algo para comer, e um senhor com sua bike logo veio nos fazer as perguntas rotineiras. Pra onde vão? De onde vêem? Entre outras coisas, que quem viaja de bicicleta sabe como é, uma bicicleta carregada com alforjes atrai a curiosidade das pessoas que vêem o cicloturista passar. Andamos mais alguns minutos antes de pegar a areia da praia. O tempo a esta altura já não estava nada animador, nos obrigando a deixar as capas de chuva presas em cima do bagageiro, foi quando pegamos a areia da praia que vimos que a viagem não seria nada fácil naquele dia, pois o vento contra era muito forte se parávamos de pedalar, a bicicleta parava de andar. Poucas pessoas estavam na praia, apesar de ser feriado, poucos se aventuraram a ir para o litoral devido ao tempo ruim a semana inteira. Nós fomos pedalando e vendo o visual, que é muito parecido o tempo inteiro, no inicio víamos algumas casas na avenida, depois era praticamente só mato, com o tempo fechado e o vento contra. A paisagem era bucólica. A imensidão da praia e o cicloturista A imensidão da praia e o cicloturista Depois de muito pedalar encontramos dois senhores pescando e fomos perguntar sobre o vilarejo de Pedrinhas, pois este era um referencial a 20 km de Cananéia os senhores falaram que ainda estávamos muito longe de pedrinhas, isso já era mais ou menos 1:30 da tarde, e com o vento contra e uma garoa fina, já imaginava ficar neste dia no vilarejo de Pedrinhas mesmo, pois também tínhamos o problema da maré, que já estava subindo nesta hora da tarde. Pedalávamos com bastante esforço devido ao vento e isso nos cansava bastante, eu acostumado em pedalar umas três vezes por semana não sentia muito, mas meu primo que há tempos não pedalava, sentia um certo cansaço. A garoa se transformou em chuva e por sorte tinha um pequeno bar (fechado) próximo à praia onde pudemos nos abrigar para esperar a chuva acalmar, havia um senhor que também se abrigava por ali e nos contou que Pedrinhas ainda estava um pouco longe, quando se viaja para lugares desconhecidos, é complicado ir perguntando sobre as distancias para as pessoas, pois alguns não tem muita noção de distancia, mesmo querendo ajudar e com boa vontade tem hora que o pessoal erra e te joga a quilômetros a frente de onde realmente está. Nesta viagem não tínhamos nem um marcador de quilometragem (ciclocomputador), e nem planilhas para nos orientar só sabíamos que pedalando pela praia em direção ao sul, chegaríamos próximos a balsa de Cananéia, depois era só pegar uma estradinha e chegava-se na balsa, a única referencia era o vilarejo de Pedrinhas mais ou menos na metade do caminho, a e claro, sabíamos que pedalaríamos uns 60 km pela praia. Depois de ficar uma meia hora no barzinho saímos novamente pela praia, e encontramos um pescador que nos indicou uma estrada paralela a praia, já que a maré estava cada vez mais alta, esta estradinha, muito que era muito bonita nos levaria até Pedrinhas, fomos pedalando, já com pouco vento e encontramos um vilarejo ( praticamente fantasma) pois não havia ninguém apenas as casas , o único sinal de vida era uma musica alta que vinha de um bar lá na praia, na duvida se estávamos ou não em Pedrinhas, tivemos que ir até o bar, chegando no bar presenciamos a cena mais bizarra da viagem, alguns caras ( supostos moradores do vilarejo) todos praticamente bêbados dançando forró, ao pedir informação sobre pedrinha, um rapaz o único aparentemente sóbrio, nos informou que não estávamos longe era só seguir na estradinha que chegaríamos a uma outra rua daí teríamos que ir em direção a praia que acharíamos uma pousada, ou para o outro lado chegaríamos realmente no vilarejo de Pedrinhas. Estrada paralela a praia que nos levou ao vilarejo de Pedrinhas Estrada paralela a praia que nos levou ao vilarejo de Pedrinhas Fomos pedalando devagar, já que o Leonardo estava bastante cansado neste ponto, e depois de algum tempo encontramos a outra rua e mais alguns metros o restaurante e pousada Dunas, onde fomos bem recebidos pelo proprietário e ficamos hospedados por ali mesmo, isso já era por volta das 5 horas da tarde. Tomamos um banho, e jantamos, fomos dormir cedo pois estávamos bem cansados. Dia 2 Pedrinhas até Cananéia 20 km (aproximadamente) Na saída de Pedrinhas Na saída de Pedrinhas Depois de ouvir o vento soprar forte na madrugada o dia estava com muitas nuvens, o vento mais ameno, mas a garoa vinha e voltava. Despedimos-nos do dono da pousada, demos uma limpada na relação das bikes, e saímos de Pedrinhas por volta das 9:20 da manhã, o vento já não soprava como o dia anterior, apenas a chuva era a preocupação, por sorte foi apenas uma garoa que aumentava e diminuía, fomos pedalando e encontrando alguns bares, e também pousadas ( todos fechados) encontramos pouquíssimas pessoas, só alguns carros que circulam na areia da praia, o mar bem agitado recuava e nós sabendo não estar muito longe de Cananéia, pedalava-mos tranqüilos, depois de quase duas horas chegamos nos bares onde se inicia a estradinha para pegar a balsa para Cananéia, neste trecho tem vários bares, camping e pousadas, a chuva apertou e aproveitamos para ficar ali em um dos poucos bares abertos apenas com o dono, este que nos atendeu muito bem, e deu várias dicas sobre a região, para acompanhar o papo, refrigerante e salgadinho. Jairo, um cara de seus vinte e poucos anos que diz ter nascido ali mesmo já que sua avó era parteira, conhecia bem a região contou que havia praticado triatlhon e conhecedor das marés,nos explicou que a lua influencia muito na maré, a maré que pegamos no dia anterior, era uma das mais altas daquela faze da lua, por isso subia tanto, agora dependendo da faze da lua a maré pode ser mais baixa. Bem isso quem nos disse foi o Jairo, que é morador local e pescador além de ter sido triatleta e atual dono de bar. As bikes estacionadas próximas ao bar do Jairo As bikes estacionadas próximas ao bar do Jairo Nos despedimos e fomos pedalar pela estradinha que leva a balsa, esta cheia de poças de água, com areia e lama misturada, a areia era fofa em alguns pontos isso nos obrigava a pedalar mais forte para não cair da bike, a chuva ali já havia parado, o vento praticamente não existia e pedalamos por cerca de 30 minutos até chegar na balsa, atravessamos ( sem custo nenhum para bikes) e estávamos em Cananéia, cidade histórica, uma das mais antigas do Brasil, devido ao mal tempo não encontramos barcos para Ilha do Cardoso, e também não queríamos perder a oportunidade de conhecer a cidade, decidimos ficar por ali mesmo, devido ao tempo que não animava continuar a viagem de bike, ficamos em uma pousada bacana e com preço justo (25 reais cada), conhecemos a cidade, fomos em um barzinho de noite, onde comemos porções e bebemos uma cerveja, na cidade ainda rolava um bingo da igreja, mas resolvemos não tentar a sorte. Na estrada que leva a balsa Na estrada que leva a balsa As bikes na balsa As bikes na balsa Dia 3 Passeio em Cananéia Acordamos descompromissados e fomos dar uma volta a pé pela cidade, fomos no museu Municipal, e no mercado, Cananéia vive da pesca, peixes de varios tipos são vendidos na cidade por bons preços. Depois voltamos à pousada e arrumamos as nossas coisas nas bikes, saímos pedalando pela cidade, já que o sol resolveu aparecer mesmo entre as nuvens, almoçamos próximo a igreja, ficamos descansando na praça e logo embarcamos com as bikes no ônibus. Não tivemos problemas para colocar as bikes no bagageiro. Mais uma ciclo viagem feita, infelizmente não foi possível chegar até o Paraná, devido às condições do tempo, apesar de ter aparecido sol no ultimo dia, mas, a certeza que tiro disso é que vou voltar para fazer o resto da viagem em outra ocasião. Na orla de Cananeia