CICLOTURISMO NA SERRA DA MANTIQUEIRA

EXTREMA / JOANÓPOLIS / SÃO FRANCISCO XAVIER / MONTE VERDE / CAMANDUCAIA.

por André Alécio Depois de fazer um mochilão bem tranquilo em janeiro, pensei em fazer algo um pouco mais radical no carnaval. Pesquisei a região da Serra da Mantiqueira, próxima a Joanópolis, lugares que eu já conhecia de carro, mas que eu sabia que valeria a pena pedalar. Não estava a fim de fazer esta viagem sozinho, recorri então a algumas comunidades sobre cicloturismo no Orkut. Foi ai que tive contato com o Edison que estava pensando em um roteiro bem parecido com o meu. Então, decidimos iniciar a cicloviagem em Extrema, sul de Minas, pedalar até Joanópolis (SP), ir para São Francisco Xavier (SP) e depois ir até Monte Verde (MG). O roteiro era de agrado dos dois, então decidimos estender o convite da viagem ao pessoal da lista de discussão sobre cicloturismo no Yahoo e foi ai que tivemos a surpresa de arrumar mais cicloturistas interessados na viagem. Depois de uns 20 dias de conversa com o pessoal via internet, foram confirmadas 9 pessoas para o passeio e no sábado de carnaval nos encontramos na rodoviária de Extrema. Dia 1 - Extrema até Cachoeira dos Pretos em Joanopolis - 41 km Cheguei às 9 da manhã e encontrei a Déa que veio de Brasília com a família de carro e o Elizeu que é de Campinas e veio pedalando de Bragança Paulista (30 km). Já de inicio percebi que seriam ótimas companhias, estavam também lá, o Paulinho (marido da Déa) Pedrinho (neto) e Georgia (filha do casal). Depois chegou o ônibus de SP capital com mais 4 bikers, Edison, Marcelo, mais Wilson e sua esposa que pedalariam apenas até Joanópolis, e com um pouco de atraso chegaram também o casal Verônica e Mario, que haviam perdido o ônibus das 7:30 e chegaram por volta das 11 da manhã em Extrema. Todos nós já estávamos esperando, com muita animação, bons papos sobre viagens e pedaladas e também sobre bikes. Galera na Rodoviária de Extrema Galera na Rodoviária de Extrema Saímos por volta das 11:00 da manhã da rodoviária e pegamos um caminho alternativo de Extrema até Joanópolis, seguimos uma planilha do livro Guia Serra da Mantiqueira feito pelo Antonio Olinto. O trajeto da planilha inicia na praça da igreja matriz de Extrema e segue para a cachoeira do Salto. Neste trecho foram cerca de 6 km de subidas e decidas, alguns trechos de asfalto e outros de terra, o que incomodou foi o volume grande de carros que levantava poeira nos trechos de terra, todo mundo pedalou tranqüilo. Quem ia na frente sempre parava pra esperar os demais, assim o grupo não se separava muito e pedalávamos com mais segurança. Verônica e Mario Verônica e Mario Wilson e sua esposa Wilson e sua esposa Edison o dono dos alforjes mais pesados Edison o dono dos alforjes mais pesados Marcelo o tesoureiro da equipe Marcelo o tesoureiro da equipe Chegamos à cachoeira que é uma espécie de parque municipal com restaurante e loja de doces. Alguns do grupo resolveram almoçar e outros apenas comeram uma porção, depois fomos na cachoeira onde alguns se refrescaram. As 2:30 da tarde com um sol bem forte saímos da cachoeira e continuamos nossa pedalada rumo a Joanópolis, depois da cachoeira o transito diminuiu, e foi só estrada de terra até lá. Pegamos um pequeno trecho errado ( nos falaram que era pra virar a direita na igreja) mas tinham 2 igrejas no caminho entramos na primeira igreja e andamos uns 300 metros até um sitio onde a estrada acabou tivemos que voltar e continuar até acharmos a segunda igreja e continuar a estrada certa. A estrada era muito bacana com sítios, animais no pasto, alambique, e claro montanhas por todos os lados. Seguimos tranqüilos até encarar a primeira grande subida da viagem, uma bem íngreme de alguns quilômetros de extensão, daí atravessamos a divisa de estado MG / SP e despencamos serra a baixo em direção a Joanópolis, onde chegamos por volta das 5:00 da tarde. Foi entrando na cidade que encontramos mais um colega da lista do Yahoo o Isa que até o momento todos achavam que era uma moça, foi engraçado. Ele, muito gente fina, nos guiou até a praça central da cidade, o Wilson e sua esposa ficaram na cidade, pois não havia mais ônibus pra São Paulo naquele dia e nós ainda pedalamos mais 18 km de asfalto até a Cachoeira dos Pretos, onde acampamos. Ficamos um tempo na praça, já que o Paulinho (nosso apoio) estava com a mochila do Wilson no carro, e ele (Paulinho) não estava na praça e sim na cachoeira. Então saímos agora em 7 bikers rumo a Cachoeira dos Pretos eram quase 6:00 da tarde e o pôr-do-sol se anunciava. Ficou combinado com o Isa que ele apareceria no dia seguinte por volta das 10 da manhã na cachoeira, e com o Wilson que o Paulinho levaria a mochila na pousada onde ele passaria a noite. Saímos pedalando e logo de inicio tem uma subida forte na saída da cidade, depois algumas descidas, nas quais conseguimos pegar uma velocidade boa. Nosso apoio apareceu e fez a nossa segurança na estrada já que estava escurecendo e a estradinha estava relativamente movimentada. Só 2 de nós tinham farol na bike, então puxamos um pouco o ritmo pra chegarmos logo a cachoeira, por volta das 7:30 da noite estávamos chegando ao camping na Cachoeira dos Pretos, que estava bem cheio de barracas, pegamos um lugar bacana e montamos o “condomínio dos ciclistas”. O camping é bacana com fogão a lenha, banho quente e um rio ao fundo, a Déa, a Verônica e o Mario foram dormir e eu, Edison, Marcelo e Elizeu fomos comer um PF em um barzinho próximo, onde também bebemos uma cerveja, depois voltamos ao camping para comer bolo e dormir. Neste dia foram cerca de 41 km pedalados em ritmo tranqüilo, mas com muitas subidas pelo caminho, todos nós sabíamos que seria inevitável não ter subidas na Serra da Mantiqueira. Chegamos bem cansados ao nosso destino, neste primeiro dia de viagem. André no caminho de Camanducaia André no caminho de Camanducaia Déa de Brasília para a Serra da Mantiqueira Déa de Brasília para a Serra da Mantiqueira Eliseu, o único contemplado com 2 pneus furados Eliseu, o único contemplado com 2 pneus furados Dia 2 – Cachoeira dos Pretos até São Francisco Xavier - 43 km Acordamos cedo e fomos curtir a cachoeira. O dia já estava quente logo às 8 horas da manhã, alguns entraram na água pra se refrescar, comemos frutas e tomamos café da manhã no barzinho ao lado da cachoeira. Encontramos alguns senhores ciclistas que estavam vindo de Mairiporã e indo até Aparecida do Norte, em um pedal de 3 dias, o que mais chamou a atenção foi um senhor de 60 anos com uma bicicleta barra forte sem marchas, este sim, um verdadeiro guerreiro para pedalar naquela região com uma bike tão pesada. As 10 horas já estávamos todos prontos, liguei para o Isa que infelizmente não pode ir conosco. Então saímos da cachoeira com destino a São Francisco Xavier. Logo de inicio um morro bem íngreme, com pedras soltas muito difícil de pedalar, em alguns momentos foi inevitável empurrar a bike, com o sol forte as coisas eram ainda piores, mas depois de uma meia hora de sofrimento já encontramos sombra, e também estrada plana e descidas. O visual da estrada é muito bonito com araucárias e pinheiros, a estrada continua a passar por sítios e fazendas. Depois de mais ou menos 8 km da Cachoeira dos Pretos encontramos uma pequena trilha que levava ao rio, e lá, mais uma pequena queda de água, o pessoal não se conteve e entrou na água pra se refrescar, assim deu pra encarar o resto do dia de alma lavada. Esta estrada que leva a São Francisco Xavier é uma estradinha bem tranqüila, com praticamente nenhum carro, a estrada é estreita e tem boas partes de sombra debaixo de eucaliptos, araucárias, e pinheiros. Muitas subidas nesse trecho, destas, três são longas, a da saída da cachoeira e outra próxima a fazenda Santa Maria se destacam. No meio do caminho o Paulinho chegou de carro e fizemos um piquinique por volta das 14 horas, no cardápio pizza e refrigerante, foi uma delicia pois todos já estavam com fome. O bom que o Paulinho ia na frente e depois voltava com noticias do tipo. “ Daqui a uns 3 km vocês vão encontrar uma bica e depois varias descidas” ou então “nossa vai ter uma subida brava logo ali na frente” e a galera já preparava o espírito para tal esforço. Pedalamos bastante, encontramos um pasto com búfalos e o pneu da bike do Eliseu furou. Ele trocou a câmera com a ajuda do Marcelo, enquanto isso o resto do grupo foi pedalando na frente. Pedalamos bastante até chegar a placa da divisa entre Joanópolis e São José dos Campos (São Francisco Xavier é um distrito de São José dos Campos) e daí em diante tivemos a grata surpresa de ser tudo descida até a Cachoeira do Davi a 3 kms da cidade. Eu e o Marcelo iniciamos a descida na frente em alta velocidade, depois encontrei uma bica e logo parei, o Marcelo continuou a descida em ritmo acelerado. O pessoal veio chegando e parando na bica, onde nos refrescamos e enchemos as garrafinhas, foi a primeira bica desde a Cachoeira dos Pretos a mais de 20 km de pedal. O pneu da bike do Eliseu furou novamente na Bica, desta vez o da frente, eu e ele ficamos arrumando a bike enquanto o resto da galera desceu o morro. A descida é longa, mas não tão íngreme, o chão é bom, porem com muito cascalho, se precisar parar rapidamente, provavelmente não consiga, então tínhamos cautela para não correr riscos desnecessários. Encontramos 2 bikers subindo o morro e fomos informados que seria só descida praticamente até a cidade, daí continuamos descendo em uma boa velocidade. Encontramos o resto do grupo que parou pra esperar e chegamos a Cachoeira do Davi onde Edison, Eliseu e Marcelo resolveram entrar na água. Eu fiquei cuidando das bikes, enquanto Déa, Mario e Verônica foram para o centro de São Francisco encontrar com o Paulinho. Em seguida saímos da cachoeira e fomos ao centro encontrar o resto do grupo, que já estava em um restaurante esperando o almoço, isso já era por volta das 5 horas da tarde. Almoçamos muito bem por um preço bom ( 10 reais) em um restaurante em frente a praça principal de São Francisco. Uma chuva forte começou e o Elizeu tirou da mochila uma lona que deu pra cobrir todas as bikes que estavam com alforjes. Depois do almoço e do sorvete pedalamos já quase no escuro até o camping Recanto dos Pássaros que fica a 6 km da cidade em sentido Monteiro Lobato. Chegamos ao camping e montamos as barracas já no escuro. Encontramos um colega da lista de cicloturismo do Yahoo no camping, o Gustavo, que estava com seu cão, mais papos sobre viagens e bike. Georgia e Pedrinho no apoio mirim Georgia e Pedrinho no apoio mirim Dia 3 – São Francisco Xavier – Monte Verde - 60 km Este dia sabíamos que seria o mais complicado da viagem, a idéia era sair do camping e pegar a estradinha do rio Manso, mas conversando com o pessoal do camping descobrimos que teríamos que pedalar cerca de 100 km se pegássemos este caminho, tinha a opção por uma trilha de 20 km , mas o pessoal faz ela a pé era inviável fazê-la de bike então tivemos que encarar um trecho que já havíamos pedalado. Você lembra da grande descida para São Francisco Xavier? Então agora iria ser uma grande subida. A Déa deu a idéia do Paulinho levar agente e as bikes até o inicio da subida assim economizaríamos tempo e desgaste, a idéia foi aceita pelo grupo. A Verônica e o Mario, resolveram ficar em São Francisco Xavier e não pedalariam conosco, fomos pedalando até a cidade onde nos despedimos do casal. Outra coisa que mudou este dia foram os alforjes que tiramos da bike e colocamos no carro de apoio, assim o desgaste seria menor, pedalamos até a cachoeira do Davi onde curtimos um pouco a água, depois eu o Marcelo e o Eliseu iniciamos no pedal a subida enquanto a Déa e o Edison esperaram o Paulinho que levaria eles e as bikes até o final da subida economizando cerca de uns 12 km. Fomos pedalando, e a subida não era tão íngreme deu pra ir subindo tranquilamente, depois de um bom tempo o apoio passou com os 2 bikers, nós continuamos a pedalar morro a cima, curtindo o belo visual, bebendo água nas bicas pelo caminho e vendo a chuva cair em alguns morros mais distantes, (essa não nos pegou), o Paulinho apareceu para nos pegar, colocamos as bikes no carro, e depois de uns 500 metros chegamos ao final da subida, ele deixou o pessoal mais pra frente e nos levou até lá, foram uns 5 km de carona pra adiantar o percurso, eu, Marcelo e Eliseu nem acreditamos que subimos praticamente todo o morro pedalando. Quando encontramos a Déa o Edison e as crianças, fizemos um piquenique, o Paulinho fez um apoio de se tirar o chapéu sempre pensava em todos nesta hora tirou um saco pão recheado, isotônicos gelado, água e refrigerante, tinha também paçoca. A Déa estava com fortes dores de cabeça e resolveu ficar no carro de apoio, sabíamos que a subida de quase 12 km seria a primeira de muitas neste dia, seria o dia mais puxado para todos, o mais cheio de montanhas, então a Déa ficou no apoio junto com o Paulinho e as crianças e nós já encomendamos com eles que foram na frente um churrasco no camping. Voltamos a pedalar eu, o Edison, Marcelo e Eliseu, pedalamos por onde já havíamos passado e logo pra frente pegamos uma estrada que não conhecíamos, pra animar o primeiro trecho foi de descidas, mas era uma estrada ruim com buracos e muitas pedras soltas, foi uma descida mais técnica que as demais feitas até este momento, pedalamos entre sítios e fazendas, o clima estava agradável, com o sol escondido entre as nuvens ou entre as árvores, esta estrada que liga São Francisco até Monte Verde é bem estreita, mas passaram pouquíssimos carros muitas subidas se anunciavam a medida que Monte Verde se aproximava, o visual era bonito isso dava animo pra continuar, pedalamos muito e as subidas eram intermináveis, íngremes, e pra ajudar nossa água estava acabando, todos estavam bastante cansados, em muitas subidas o jeito foi empurrar as bikes e nós dávamos graças a deus pelos alforjes terem ficado no carro com o Paulinho. O Marcelo parecia ser o mais cansado, ele que até então sempre pedalou na frente. Isso ficou evidente em duas situações a primeira quando ele estava empurrando a bike em um terreno praticamente plano, a segunda mais engraçada, quando o Edison viu ele largando a bike no chão, até então quando parávamos pra descansar ele sempre encostava a bike em algum local. Pegamos a estrada que liga Camanducaia a Monte Verde, esta estrada neste trecho é de terra e larga muitos carros passavam levantando poeira, era morro que não acabava mais nós nesta altura já sem água, foi um tormento o ar frio das montanhas refrescava, já víamos a placa do camping, e imaginávamos que este estava próximo, passamos por diversas pousadas, mas não tinha ninguém para nós arrumarmos um pouco de água foi ai, em mais uma de tantas subidas que vimos o Paulinho se aproximando com o carro, parou e logo sacou água e isotônico para todos o Marcelo que era um cara muito divertido gritava de alegria o “Santo Paulinho chegou” o Paulinho trouxe a noticia que estávamos bem próximo era só terminar aquela subida e desceríamos até o camping por uns 2 ou 3 quilômetros, mas o Marcelo preferiu ir no carro, eu, Edison e Elizeu terminamos o trajeto, chegamos bastante cansados ao camping por volta das 6 horas da tarde, onde a Déa já estava nos esperando, preparamos o churrasco de final de passeio, e arrumamos as barracas, e conversamos relembrando momentos da viagem, e já ficou a idéia de novas aventuras. Vídeo Cicloturismo na Serra da Mantigueira [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=yPaz3ke0ftE[/youtube] Dia 4 - Monte Verde até Camanducaia - 28 km Acordamos bem cedo, o Marcelo resolveu pegar o ônibus pra Camanducaia, o Elizeu ficaria mais um dia em Monte Verde, e depois iria pedalar para Piracaia, a Déa ficaria até de tarde na cidade fazendo um passeio familiar, e eu e o Edison decidimos encarar mais 28 km de Monte Verde até Camanducaia no pedal, e de lá pegaríamos o ônibus pra São Paulo. Iniciamos o pedal as 9:30 da manhã no inicio pegamos boas subidas, mas depois as descidas começaram, foram varias, em bons trechos a estrada é asfaltada, a velocidade foi alta, o tempo estava nublado, o que ajudou bastante também, a estrada tinha bastante carros mas deu pra curtir o pedal sem problemas, por volta da meio dia estávamos em Camanducaia ai pegamos o ônibus pra SP sem maiores problemas, bikes montadas com alforje e tudo no bagageiro. Agradecimentos: A todos os amigos que estiveram no pedal em especial ao Paulinho que fez o apoio de modo exemplar, pensando em todos e sempre aparecendo com suprimentos nas horas em que mais precisávamos. Paulinho o nosso apoio nos ajudou muito em vários momentos Paulinho o nosso apoio nos ajudou muito em vários momentos Espero que novas aventuras venham com o pessoal da lista de cicloturismo. Contato dos Campings Hospedagem na Cachoeira dos Pretos em Joanópolis Chalés Cachoeira dos Pretos Fone: 0xx11 - 4539-9236 com Cristina Camping do Zé Roque Fone: 0xx11 - 4539-2931 Camping em São Francisco Xavier ( também possui chales) Camping dos Pássaros Estrada Pedro Davi Tel: (12) 3926 1298 Camping em Monte Verde Camping Recanto dos Bambus Fone: 35 3438-2760 Onibus para Extrema quem faz o trajetos em varias cidades da região é a viação Cambui, inclusive com saidas do terminal Tiete em SP. Confira os telefones: Em Extrema (35) 3435-1029 Em São Paulo (11) 6221-4165